Louvações a Allah

Em primeiro lugar, este Hadith faz parte dos Hadiths recebidos por vias múltiplas e concordantes. Pelas quais foi graças a estas que os dois cheikhs narraram através de Abu Hourayra (Radiyalláhu Anhu) que o Profeta (Paz e benção estejam sobre ele) disse: O espaço que se situa entre a minha casa e o meu púlpito constitui um dos jardins do Paraíso. (Narrado por al-Bukhari(1196) e por Muslim(1391)).

Quanto aos termos “entre o meu túmulo e o meu púlpito” eles são empregues numa versão de Ibn Assakir citada em Sahih al-Bukhari que certos Ulamas tinham deixado de atribuir ao Sahih de al-Bukhari. Quando este último ele mesmo citou o Hadith no capítulo intitulado: O mérito da oração feita dentro das mesquitas de Meca e de Medina, ele empregou os termos “minha casa e o meu púlpito” através de um sub-título: “O mérito do espaço entre o túmulo e o púlpito”. Estes termos são empregues em outras versões do Hadith.

Entretanto os Ulamas julgaram o termo “o meu túmulo” fraco por duas razões. A primeira é que ela contradiz as versões do maior número de narradores. O que faz crer fortemente que aquele que disse “o meu túmulo” narrou o significado do Hadith em vez de narrar os termos exatos. A segunda é que se este termo fosse exato, teria permitido aos Companheiros de reconhecer o lugar em que estaria sepultado o Profeta (Paz e benção estejam sobre ele) de maneira a não entreter uma divergência a este propósito. Alguns teriam usado esse argumento para prevalecer sobre os outros. Mas tudo isso não nos ocorreu. O que indica que o uso dos termos “o meu túmulo” é um erro emanado de um dos narradores de Hadith.

Cheikh al-Islam, Ibn Taymiya (Que Allah lhe conceda a Sua misericórdia) diz: «O que foi relatado de forma confiável pelo Profeta (Paz e benção estejam sobre ele) é que ele disse: O espaço situado entre a minha casa e o meu púlpito constitui um dos jardins do Paraíso. Eis os termos citados no Sahih. Mas certos narraram o significado do Hadith (em vez dos seus termos), daí o uso do termo ‘túmulo’.

Quando o Profeta (Paz e benção estejam sobre ele) falou acerca disto, ele ainda não tinha um túmulo. Foi por isto que nenhum dos Companheiros encontrou um argumento nessas palavras quando discutiram sobre onde ele deveria ser enterrado. Se eles tivessem um texto claro sobre a questão, isso teria permitido resolver o assunto da disputa.» Madjmou fatwa(1/236).

Al-Hafizz Ibn Hadjar (Que Allah lhe conceda a Sua misericórdia) disse: « O termo “túmulo” é usado no título e depois dos dois Hadiths citados. É o termo “casa” que é empregue, já que o túmulo foi situado mais tarde na sua casa. Certas versões do Hadith mencionam “túmulo”. Al-Qurtubi disse: A versão exata é aquela que menciona “casa”. Também mencionámos “o meu túmulo”. Parece que o significado do Hadith foi relatado, pois foi enterrado na casa onde ele morava.» Fateh al-Bari (3/70).

Ele disse ainda (Que Allah lhe conceda a Sua misericórdia): «A expressão “entre a minha casa e o meu púlpito” é empregue pela maioria. É somente na versão de Ibn Assakir que encontramos “o meu túmulo” em vez de “a minha casa”, o que é um erro. Este Hadith é já citado no capítulo consagrado à oração que precede aquele que trata dos assuntos mortuários. É relatado graças à presente corrente com o uso do termo “a minha casa”. É assim que ele aparece novamente no Musnad de Mousaddad, o mestre de al-Bukhari.

Certos, encontramos em um Hadith recebido de Saad Ibn Abi Waqqas relatado por al-Bazzar graças a uma cadeia de narradores confiáveis. Ainda é relatado por at-Tabarani a partir de um Hadith recebido por Ibn Omar no qual empregaram o termo “túmulo”. Dito isto, é provável que o termo “casa” designe um dos seus quartos e não todos eles. Trata-se portanto do quarto de Aisha (Radiyalláhu Anhuma) que abriga o seu túmulo. Uma das versões do Hadith especifica que o espaço entre o púlpito e o quarto de Aisha (Radiyalláhu Anhuma) é um dos jardins do Paraíso. Citados por at-Tabarani no al-Awsat. Fateh al-Bari(4/100).

Em segundo lugar, quanto ao significado do Hadith, é objeto de três opiniões emitidas pelos Ulama:

A primeira é que este lugar se assemelha aos jardins do Paraíso no sentido de que quem ali se instala experimenta felicidade e tranquilidade.

A segunda é o fato de que dedicar-se ao culto é causa de entrada no Paraíso. Esta é a opinião escolhida por Ibn Hazem em al-Muhalla (7/284). Ibn Taymiyaa narrou que o Imam Ahmed preferia orar dentro do jardim.

A terceira é que este espaço entre o púlpito e a casa do Profeta (Paz e benção estejam sobre ele) se tornará um dos jardins do paraíso.

O qadi Lyadh (Que Allah lhe conceda a Sua Misericórdia) diz: «A expressão “um dos jardins do Paraíso” pode ter dois significados, um dos quais implica o significado aparente de que as invocações e orações que ali são feitas nos dão direito a essa recompensa. É neste sentido que dizemos: o Paraíso está à sombra das espadas. A segunda é que este espaço será movido por Allah e instalado tal como está no Paraíso, de acordo com ad-Dawudi.» Extraído de Chifaa (2/92).

Ibn Abdul Barr (Que Allah lhe conceda a Sua Misericórdia) diz: « Certas pessoas disseram que o Hadith significa que o espaço será movido no dia da Ressurreição e estabelecido no Paraíso. Outros dizem que é metafórico. Querem dizer que o facto do Profeta estar sentado neste local rodeado de pessoas que vieram aprender o Alcorão, a crença e a religião fundamenta a comparação do local a um jardim pela nobreza do que ali se recolhe.

Foi anexado ao Paraíso porque o seu uso leva ao Paraíso, segundo as palavras do Profeta (Paz e benção estejam sobre ele): O Paraíso está à sombra das espadas. Para dizer que a luta (pelo Islão) leva ao Paraíso. É no mesmo sentido que se diz: A mãe é uma porta do Paraíso. Com isso queremos dizer que seu bom tratamento dá acesso ao Paraíso, desde que acrescentemos o respeito às prescrições. O uso desse estilo alegórico é comum na língua árabe. Allah sabe melhor o que ele (o Profeta) quer dizer com isso.» At-Tamhiid (2/287).

O Imam an-Nawawi (que Allah tenha misericórdia dele) disse: «Eles deram duas opiniões sobre seu significado: a primeira é que o espaço em questão será transferido para o Paraíso. A segunda é que o culto ali observado dá acesso ao Paraíso.

At-Tabari diz sobre o significado de “minha casa”: há duas opiniões. Segundo um, é o túmulo. Esta é a opinião de Zayd Ibn Aslam citada como parte da explicação da expressão “entre o meu túmulo e o meu púlpito” . A segunda é que é a casa em que ele morava. Ainda relatamos “entre o meu quarto e o meu púlpito”.

At-Tabari diz que as duas opiniões concordam porque seu túmulo está em seu quarto que era a sua casa.» Extraído de Charh Muslim (9/161-162).

Al-Hafeez ibn Hajar(Que Allah tenha misericórdia dele) disse: Suas palavras “um dos jardins do Paraíso” significam: é como um dos jardins do Paraíso em relação à descida da misericórdia e à obtenção da felicidade que surge dos círculos de Zhikr encontrados lá, especialmente na época do Profeta (Paz e benção estejam sobre ele). Esta é então uma comparação implícita. Também pode ser uma questão de dizer que a prática do culto levaria ao Paraíso, o que seria uma expressão metafórica. A expressão também pode ser tomada no sentido real, dizendo que moveremos o espaço tal qual como está para o Além no Paraíso. Estas são as interpretações que os Ulamas fizeram deste Hadith. Elas foram organizadas de acordo com os seus pontos fortes. Extraído de Fateh al-Bari (4/100).

Resumindo, o espaço em si tem um mérito óbvio que justifica que o muçulmano tenha o cuidado de ali se sentar e rezar. No entanto, deve saber que o mais importante é o temor de Allah que é a causa do acesso ao Paraíso e não o único facto de sentar no jardim ou em qualquer outro lugar.

Dado que se trata de um assunto puramente de culto, não podemos explicar a causa da especificação deste local excluindo todos os outros. Allah, o Transcendente e Altíssimo, consagra virtudes ao tempo, espaço e às pessoas que Ele escolhe. Ele faz isso com base na sabedoria perfeita que não poderíamos descobrir.

Allah sabe melhor.